No entanto, uma nova sequência de mortes deu novos rumos à investigação
Da REDAÇÃO
PARNAÍBA-PIAUÍ
23h20
Parnaíba foi palco de um dos mais graves casos de envenenamento em série da história recente. Em menos de seis meses, oito pessoas, sendo sete da mesma família, morreram após ingerir alimentos contaminados com terbufós, um pesticida de uso agrícola altamente tóxico e com venda controlada no Brasil.
A matriarca da família, Maria dos Aflitos, foi presa no dia 31 de janeiro suspeita de envolvimento no caso. O marido dela, Francisco de Assis, já havia sido preso sendo o principal suspeito. Os detalhes foram revelados em coletiva de imprensa na última segunda-feira, 03 de fevereiro.
O primeiro caso foi registrado em 22 de agosto de 2024, quando João Miguel Silva, de 7 anos, e Ulisses Gabriel Silva, de 8, passaram mal após ingerirem alimentos contaminados. Os meninos eram filhos de Francisca Maria da Silva e netos de Maria dos Aflitos. Eles foram internados em Teresina e morreram semanas depois: João Miguel em 12 de setembro e Ulisses Gabriel em 10 de novembro.
A princípio, Francisco de Assis, "vôdrasto" das crianças, afirmou às assistentes sociais do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde e à polícia que os meninos haviam consumido cajus supostamente doados por Lucélia Maria da Conceição, vizinha dos fundos da residência. No dia seguinte, 23 de agosto, Maria chegou a registrar um Boletim de Ocorrência contra a vizinha, acusando-a diretamente pelos envenenamentos. Enquanto isso, Francisco de Assis entregou à polícia uma sacola contendo cajus que supostamente seriam aqueles doados por Lucélia. As investigações demonstraram que as crianças morreram após consumirem refresco envenenado.
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Maria dos Aflitos (suspeita) e Maria Lucélia, em liberdade. Fotos: reprodução. |
Além das afirmações iniciais de que João Miguel Silva e Ulisses Gabriel Silva ingeriram cajus supostamente envenenados, todos os outros depoimentos feitos pelo casal Maria dos Aflitos e Francisco de Assis, além de outros familiares, contribuíram para o desvio das investigações naquele momento.
Lucélia é descrita por testemunhas como uma mulher com temperamento explosivo e histórico de desavenças com crianças da região. Durante a investigação, a polícia, cumprindo mandado de busca e apreensão, encontrou terbufós na casa de Lucélia, substância que a vizinha havia negado possuir. Além disso, um gato foi encontrado morto em frente à sua residência e a perícia confirmou que ele também havia sido envenenado com terbufós.
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Em depoimento (veja depoimento abaixo), Lucélia declarou que o irmão a havia ensinado a usar o pesticida nos cajus para matar morcegos, o que reforçou as acusações de Maria dos Aflitos. Diante dessas evidências, Lucélia foi presa preventivamente.
No entanto, uma nova sequência de mortes deu novos rumos à investigação.
Lucélia Maria Gonçalves foi solta após quase cinco meses presa, sob suspeita de envenenar as duas crianças em Parnaíba. A Justiça acatou o pedido de liberdade provisória do Ministério Público, baseado em um laudo que descartou a presença de veneno nos cajus entregues por ela às crianças. Lucélia afirmou que sempre foi inocente.