Caso Janes Castro: irmão é indiciado como mandante da morte de empresário em Parnaíba

A motivação seria briga por herança da família, proprietária de grupo farmacêutico
 
EDUARDO MACHADO
PARNAÍBA-PIAUÍ
18h25. - Atualizada às 20h19.

A Polícia Civil do Piauí indiciou o empresário Gerardo Pontes Cavalcante Neto pelo assassinato do próprio irmão, Janes Cavalcante Castro, em Parnaíba. A motivação seria briga por herança da família, proprietária de grupo farmacêutico, conforme o inquérito.

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Janes Cavalcante Castro (vítima). Foto: arquivo/infocopiaui.com.

Segundo o delegado Maikon Kaestner, responsável pelo caso, Gerardo Cavalcante Neto foi o mandante do crime. Ele foi indiciado pelo homicídio qualificado pela paga ou promessa de recompensa e por recurso que impossibilitou a defesa da vítima, e por lavagem de dinheiro.

Outras quatro pessoas também foram indiciadas pelo crime ocorrido em setembro de 2020, em Parnaíba. O espaço está aberto para as defesas dos indiciados no processo.


Confira a participação dos demais envolvidos, segundo a investigação:

  • Flávio Leal dos Santos: foi o responsável por distribuir, organizar e pagar os pistoleiros que vieram de Pernambuco e Alagoas. Conforme a investigação, ele recebeu repasses financeiros ao longo do ano até logo após a morte de Janes, advindos de contas de Gerardo, seu sócio.
  • Carla Mariah Galeno de Melo Leal: esposa e cúmplice de Flávio Leal, emprestou sua conta para o marido poder usar nas transferências e receber dinheiro do crime.
  • Igor Fernandez: emprestava o nome para cadastrar terminais telefônicos usados no crime, assim como para ocultar bens oriundos de atividades ilícitas.
  • Elisabeth Ruth Rangel: responsável por ocultar os bens do casal, efetuar os pagamentos para os pistoleiros.

No inquérito (veja relatório final no fim da matéria), o delegado relatou que Gerardo por vezes tentou interferir diretamente na investigação, incluindo a participação da sua esposa, que era chefe da 1ª Vara Criminal do Juri de Parnaíba, para qual eram solicitadas quebras de sigilo telefônico e bancária para apuração policial, no entanto, não eram concedidas.

A partir da interceptação telefônica e bancária do sócio de Gerardo, Flávio Leal, a investigação chegou no primeiro vínculo direto do núcleo executor com a vítima Janes Castro.

"Para esclarecer os fatos, foi necessário ouvir os familiares e os funcionários da empresa da família, pois duas transferências que partiram do Grupo Empresarial chamaram a atenção da investigação", destacou.

Diante das provas, o delegado solicitou a prisão preventiva de Mário Roberto Bezerra Correia, Elisabeth Ruth Rangel, Flávio Leal dos Santos e Gerardo Pontes Cavalcante Neto e Carla Mariah Galeno de Melo Leal.

"Eles mentiram e em liberdade podem continuar a destruir provas, tentaram interferir diretamente na investigação, visto que soltos colocam a aplicação da lei penal, a garantia da ordem pública em questão e até a vida de outros familiares em risco", concluiu.

O crime

O empresário e advogado Janes Cavalcante de Castro, que tinha 52 anos de idade, dono da Imobiliária J. Castro, foi perseguido e executado a tiros dentro de um carro, na tarde de sexta-feira, 18 de setembro de 2020, por volta das 14h30, no bairro Frei Higino, na cidade de Parnaíba, litoral do Piauí. Ao receber os disparos ainda dentro do veículo que conduzia, a vítima perdeu controle da direção e colidiu em uma residência.

Janes Castro é executado a tiros dentro de carro. Foto: arquivo/infocopiaui.com.

O empresário morava na região do bairro Reis Veloso, e segundo informações preliminares, dois elementos em uma motocicleta perseguiram a vítima até alcançá-la na Rua Dirceu Arcoverde, no bairro Frei Higino, e efetuaram vários disparos com uma pistola calibre 380.

Quase um ano depois, no dia 6 de setembro de 2021, Evando Tenório Brito, apontado como líder do grupo criminoso responsável pela morte de Janes Castro, foi preso em Alagoinha, no Pernambuco.

Em abril de 2021, pelo menos seis dos acusados foram presos pela Polícia Civil durante a Operação Sicário. Na época, a polícia apontou Mário Roberto Bezerra como mandante do crime.

Segundo a Polícia Civil, ele teria pagado R$ 200 mil pelo assassinato do empresário. O delegado João Rodrigo Luna afirmou, na época, que a morte de Janes Castro foi encomendada porquê ele teria dívidas com os envolvidos no crime.

Em fevereiro de 2022, dez pessoas acusadas de matar o empresário Janes Cavalcante Castro passam por audiência de instrução e julgamento. Quatro réus do processo foram postos em liberdade.

Clique aqui e confira o relatório final.

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